A nossa
sociedade não está devidamente preparada para acolher satisfatoriamente o
sujeito de direito: IDOSO, pois, nosso país lhe permite mínimas condições de
sobrevivência e a sociedade da terceira idade, quase como um todo, sofre o
estereótipo da inutilidade, infelizmente.
Quando se chega aos 60, 65 anos e, enfim
terceira idade é sinal que lutaram incansavelmente por muito tempo. Nessa longa
história, pelejaram por um salário justo, melhores condições de trabalho,
direitos sociais, qualidade de vida... Mas, chegam na “melhor idade” (?) e de
repente se deparam com preconceitos, exclusão social e econômica, fatores tais
que segregam o idoso num espaço de dificuldade e esquecimento.
A idade que
permite a condição de idoso traz no seu bojo uma história, uma trajetória de
vida que, porém, diante desse mundo de modernidade pouco se valoriza a vida que
se passou, sua narrativa histórica... O reconhecimento de tudo o que aquele ser
humano produziu cai no esquecimento... Se, o agora cidadão idoso, teve que
superar a vida inteira obstáculos para viver, agora terá que superar obstáculos
para sobreviver.
Sucumbe sobre seus
ombros a sensação desagradável da inutilidade... Até pouco tempo era tão útil
pra sua família, sociedade, país e agora um peso...
Mas, tudo isto
pode ser passível de mudanças, quando a sociedade entender que todos envelhecem
e, por ora, a regra é arregaçar as mangas e derrubar os muros dos preconceitos.
E quanto ao
idoso como deve agir? Organizar-se para transformar a realidade que se
apresenta na busca de consolidar-se como um sujeito de direito pleno, um
protagonista da história que tem muito a ensinar e ainda a produzir.
Esta parcela,
grande, da sociedade tem seus direitos e a outra parcela da população não pode,
jamais, deixar de ser o apoio mestre para consolidar esta realidade e fazê-la
acontecer. Nós, cidadãos que lutamos pela tão sonhada igualdade perante a lei devemos
combater o descaso, o preconceito e o esquecimento. O “Estatuto dos Idosos”
deve ser uma realidade prática e, não apenas, uma realidade escrita e fictícia.
Dez anos após
a criação do Estatuto do Idoso (10.741/03),
cerca de 75% dos direitos e garantias previstas no texto ainda
não são realidade para os brasileiros com idade a partir de 60 anos – cerca de
15 milhões pessoas. Lastimável.
Assim, pergunto aos nossos leitores: “É
possível transformar a realidade do idoso com Estatuto que nos imponha
obrigações e a eles direito?”
Esse
questionamento é vital para que haja a conscientização do que aconteceu até
agora e o que pode ser, ainda, feito.
Os desafios
são gigantes, posto que uma lei para realmente ter eficácia não basta estar
escrita e assinada. Precisa da participação de todos, sociedade, agentes
públicos, conselhos, poderes instituídos. É fundamental que nossa cidade se
conscientize sobre os direitos dos idosos e os acolham, incluam e os aceite como
um bem de valor maior.
Nossos idosos
precisam desta transformação social. Acima de tudo eles podem ser os agentes da
transformação social que a nossa sociedade precisa, tais como, contribuição
política, social e cultural, com a finalidade de preservação da identidade e
memória social, auxiliando diretamente para o estabelecimento de uma nova visão
de idoso ativo, substituindo a velha imagem do envelhecimento.
Texto By Gra Ekermann postado no Jornal Expresso Notícias em fevereiro de 2014.
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